Foto: Rafael Berlezzi

SOBRE A COMPOSIÇÃO DE CANÇÕES – O PROCESSO CRIATIVO!

I

Quatro ingredientes se combinam na criação de Canções: letra, melodia, harmonia e ritmo.
Como organizamos estes ingredientes é o grande desafio, visando o “sabor” resultante.
Não é a quantidade, mas o equilíbrio nas escolhas.

II

No que se refere à ANÁLISE de CANÇÕES, existem algumas “ferramentas” as quais podemos lançar mão:

o modelo Semiótico do Luiz Tatit (Tematização, Figurativização e Passionalização);

o modelo de Ezra Pound (Fanopeia, Melopeia e Logopeia);

o modelo de análise prosódica do querido Fernando Lewis de Mattos com quem estudei minuciosamente durante o meu mestrado (Reforço, Oposição e Autonomia);

e ainda o modelo cinematográfico áudio-textual de Michel Chion, o qual adaptei para análise de canções (valor acrescentado, sincronização e dessincronização).

III

Toda canção é uma classe de linguagem que por si só já é híbrida, pois resulta de uma combinação de letra e música, portanto lítero-musical.

Rigorosamente, a poesia também se dá no transcurso do tempo.

A canção é uma linguagem temporal obtida a partir da hibridização de outras duas linguagens, também temporais: a poesia, que exige o tempo para a sua leitura; a música, que é pura modulação do tempo.

Luiz Tatit, violonista e compositor e também Semiótico estudioso da Canção diz de uma forma bem simples o que é o ato criativo de um cancionista: ” pego um violãozinho, fico ali inventando maneiras de dizer [melodia] e procurando o que vai ser dito [letra]”.

Ou seja, a combinação de 02 planos: o da Expressão e o do Conteúdo!

Barbaro né? Simples, direto e no ponto!

Mas o que é realmente interessante e mavioso é que existem cancionistas que sem tocar qualquer instrumento conseguem estabelecer esta mediação letra – melodia com total coerência e equilíbrio.

Caso por exemplo do Lupcínio Rodrigues – compositor gaúcho – que compôs toda a sua obra apenas utilizando uma caixinha de fósforos! Uau!

Ou seja, a essência de suas canções é fruto de um processo criativo totalmente intuitivo.

Lupcínio, somente após compor letra e melodia é que sempre apresentava para um amigo violonista a nova canção para que esta ganhasse a ‘vestimenta’ harmônica, os acordes.

IV

Eis um exemplo de Canção: uma MODINHA autoral com citação da fonte inspiradora no formato ‘Violão com Voz‘ onde constam todos os elementos citados acima!